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domingo, 21 de março de 2010

* Sensações da Chica...

Como as coisas são estranhas em nossas vidas...

Estamos bem e de repente, entra um "macaquinho"em nossa cabeça  e fica nos fazendo provocações...

De repente, uma saudade, mas daquela doída e de pessoas que imaginamos,terão pouco tempo de vida.(Pode até acontecer de que nós venhamos a pegar nossos bonés e ir pro outro andar muito antes, porém pela lei da vida...)

Essas saudades... temos vontade de ir até ela, de vê-la, conversar , poder fazê-la rir e rir junto...

Voltando então ao meu raciocínio...

Mas as pessoas estão aqui ainda...

Por que essa saudade aparece? Podemos ir até a cidade aqui vizinha  e a visitar

Daí, começa o parto de burro: ela não quer ninguém por lá, ela não gosta de visistas...

Assim,programamos para o fim se semana , almoçar juntos, já que gostamos de tirá-la de casa  para que saia da escuridão que ela impôs por lá.

Aí, tudo acertado,chega o dia: um telefonema antes , para acertar o horário e a notícia: ela não mais quer ir.

Conversa pra lá, pra cá e pronto, nada feito até mesmo porque essa que escreve ,já não é mais nenhum bebê e já  é feijão da 3ª ou 4ª fervura...

Não dá pra ficar me enrolando: ou c... ou desocupa a moita...

Assim,mais uma semana passa e nada de vê-la, nada de encontros e ...nada de nada.

Parece simples e fácil assim...

Mas agora, recomeçam os telefonemas de queixas, afirmando que ninguém dá bola pra ela e por aí vai...Que é a 5ª roda da carreta, etc.etc e muitos  outros etcs...

No entanto, dentro de nós, ao olhar nas ruas,de repente aparece a imagem de uma mulher, caminhando de bengalas ( vem na hora a imagem dela, que bem poderia fazê-lo para se movimentar, mas afirma que não quer bengalas, pois apesar deseus 84 anos, não tem idade!!! A vaidade é grande!E até um pouco boa, mas ,no caso, atrapalha!!!)

Mais uma olhada pela rua, e uma carro parecido com aquele que chegava na frente da nossa casa, sempre com pressa, dirigido pelo nosso pai e que adorava estar na estrada e os dois,sempre faceiros, ela toda perfumada, viviam passeando.
Não paravam nunca, que bom que aproveitaram!

Agora, quanta coisa vemos que ficará pra trás nisso tudo!
Como acabará essa história? Mais essa???
Não sei!

Talvez um dia, a outra geração, nossos filhos , venha a sentar-se , como eu, também a escrever, pois terão saudades e mesmo todos nós  nesse   "mesmo andar", possam sentir-se assim como eu hoje, em relação à minha mãe :com  as portas de comunicação parecendo   bloqueadas...

Ela já não consegue mais captar tudo e todas as coisas...Apenas o que quer...Todo cuidado é pouco!

Nós, já não somos mais as bebezinhas de antes.

A coisa é feia! Digo apenas isso!

Por essas e por outras, peço a Deus que me deixe aqui  apenas enquanto eu tiver discernimento e que esteja completamente bem... Ficar apenas por ficar, nem pensar!!!

Seria tão legal se ficássemos bem até o fim, não encucando coisas e inventando outras...
Que pudéssemos realmente estar presentes na vida, dizer:

_ Hei,Vida!
Meu nome é Chica e ainda estou na fila...

Quero brincar junto nesse recreio que podemos fazer da escola da  vida e não apenas aqueles dias em que ficávamos sem ele,de castigo,na sala do diretor...(chica)

9 comentários:

  1. Chica,
    Temos tantas histórias e muitas gostaríamos de ter o poder de mudar! Porém, mesmo que fôssemos mágicas, só alcançaríamos, como nossa varinha de condão, os personagens que aparentam querer se transformar...Por que, um dia, pessoas como a de teu texto--e que é tão nossa (des)conhecida--decidem embrenhar-se por estrada de cardos, rosetas, enormes pés de cactus, mesmo conscientes de que a outra via, com sol, gente, aroma de comida quentinha, café recém-passado, risos e briguinhas de crianças, estava ali, quando escolheu sua jornada. Por quê? E nós ficamos a pensar o que poderíamos fazer, no entanto, nenhuma opção, sabemos de antemão, será de seu agrado: visitá-la, só quando, num dia de lua azul, ela quiser nos receber sem a criançada; trazê-la para nossa casa, nem pensar é muito 'schreierei'; convidá-la para almoçar, barulhos de talheres e muita gente ao redor da mesa é 'ganz schreklich'; passear para ver verdes, 'quem sabe um outro dia e acho que vem chuva'. Enfim, o que faremos? pessoalmente, pretendo ter voz e querer para escolher meu caminho pelo sol e canteiros, os quais, espero, terei dentro de mim mesma para levar para o recanto que escolherei. Tenho dó dessa pessoa, entretanto, acredito que encontrou nssas nuvens cinzas um modo de se auto-flagelar, sem pensar que, com isso, seu chicotinho também nos fere com os golpes que desfere contra si própria. Lúgubre, não?
    Mas nossa flores, sementes e sol estão conosco e são nossa salvação para amar a vida.
    Um beijão grandão e cheio de saudade e carinho'
    tua irmã Mausi

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  2. Que lindo, Chica! Mas triste!
    Passo por situações semelhantes. Minha mãe tem 76 anos, Parkinson, não vem mais aqui em casa, não quer sair de casa, só fala em morte etc.
    Ser filha também não é fácil e nem sempre eles facilitam pra gente.
    Bjkas! E força!

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  3. minha querida, teu texto , triste mas formoso,tao cheio de saudades - e se tem alguem que sabe o que isto significa,de pessoas amadas, desaparecidas ou nao...lugares vividos, enfim, da vida de antes, tbem... acho que sou eu...sofro de saudades, é como uma doença...vai e vem...mas trato de ir adiante com meus 83 anos...e sim, ser filha é tao dificil como ser mae, mas é tbem uma maravilha1
    animo, minha querida Chica..e tantos beijos

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  4. Oi amiga, lamento muito tudo isso, realmente e muito triste, pois ainda ha tempo de aplacar essa saudade, mas infelizmente esse nao e o desejo dessa pessoa tao querida por todos voces, que isso nos sirva de liçao para repetirmos para nossos filhos, de qualquer formase essa e realmente a vontade dela , tera que ser "respeitada". Beijos, fica com Deus, que ele possa te iluminar para que faças o melhor. Heloisa.

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  5. Chica,texto muito lindo e mostra bem a pessoa incrivel que é,respeitando o momento do outro,apesar de saber o quanto faria bem aquela visita!Tem pessoas que chegam a uma certa idade e não podemos mais mudar,infelizmente!Bjs,

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  6. Oi, Chica
    Seu texto me comoveu muito...Hoje que já não mais tenho a minha... Que só a saudade conversa comigo e escuta todas as minhas dúvidas, minhas alegrias, meus pensares e minhas dores... Entendo bem a sua aflição e de repente o que ela está fazendo é só uma tentativa de não deixar a saudade, o vácuo impossível de preencher que sabe que sua partida deixará. Perfeita descrição da aflição que todos nós, seres humanos, passamos ou passaremos e que faremos os nossos passarem.
    Beijos no coração
    Maria Emilia Xavier

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  7. SÃO AS NOSSAS "HISTÓRIAS" DE VIDA QUE NOS FAZEM CADA VEZ MELHORES...OU NÃO
    LINDO TEXTO AMIGA
    BEIJOS

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  8. Chica,
    Com certeza você a conhece melhor do que eu.
    Mas será que ela não gosta mesmo de visita? Será que ela não quer, mesmo, sair para um almoço?
    Acho que essas são dificuldades trazidas pela idade, ou melhor, por problemas da idade. De repente é uma dificuldade maior para a comunicação, e ela "prefere" ficar só. Mas, no fundo, não deve ser isso que ela quer.
    Também tenho mãe bem idosa, 96 anos, e venho acompanhando bem todas as alterações de comportamento trazidas pela idade.
    Beijos.

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✿ Que isso possa ter deixado uma marquinha,ainda que seja bem pequenina , no seu dia, alegrando-o! ✿